DEBATE 6
INFORMAÇÃO NOS DIAS DE HOJE: EXCESSOS, CARÊNCIAS E DIFICULDADES DE GESTÃO
Nos dias de hoje não podemos alhear-nos da importância da informação.
Ela influencia a qualidade de vida e pode constituir um fator de desigualdade, em prejuízo de quem não tiver acesso às informações que permitem o indispensável conhecimento para a vivência social.
Ao falar em informação devemos ter presente as várias vertentes que a envolvem. Esquematicamente podemos dividir esta matéria segundo as fontes, o acesso, a qualidade, o tratamento, a guarda e a segurança da informação.
É sobre estes pontos que se deixam algumas reflexões, em conexão com o que foi tratado no nosso Debate.
Dados, informação e conhecimento
Os dados são os elementos simples que se reúnem, sejam textos, números ou símbolos, os quais necessitam de ser organizados e tratados para se extraírem as informações que se desejam.
As fontes de dados e informações são muitas: históricos do passado, relatórios, artigos, meios de comunicação social, revistas, anúncios e outros contactos verbais ou escritos. Atualmente é comum os particulares recorrerem à Internet e as empresas às bases de dados e estatísticas da actividade.
Quando alguém nos faz um conjunto de perguntas simples, nos pede para preencher um formulário, nos convida a entrar num concurso em que temos de dar elementos pessoais ou nos aborda para um inquérito aligeirado de rua, duma forma impensada estamos a fornecer dados sobre nós próprios que servem para alimentar bases de dados cujos fins podem ser de diversa ordem.
Na vida atual não se pode viver sem informação. É ela que proporciona o conhecimento para se tomar decisões ou enfrentar as situações que surgem, por vezes novas situações que aparecem pela primeira vez e de que nada se sabia.
Tratamento dos dados
Os dados têm de ser recolhidos, selecionados, processados e interpretados, para que traduzam informações.
No passado, todos os dados tinham de ser elaborados manualmente e a capacidade para os tratar era assim limitada.
Com as potencialidades que a informatização trouxe e os novos processos de a tratar que foram criados, deixou de haver limites.
A sofisticação a que este trabalho chegou nas empresas, sobretudo nas grandes empresas, exige a existência de especialistas habilitados e para os formar há muitos cursos universitários e profissionais.
O percurso da ciência, desde a invenção do telégrafo em 1837 e muito particularmente a partir da segunda metade do seculo passado, permitiu que em matéria de computadores se fizessem progressos impressionantes e deu ao homem um novo poder em todas as áreas.
Até à década de 50, havia os arquivos e os arquivadores, que de forma manual catalogavam e arquivavam toda a documentação.
Na década seguinte desenvolveram-se os computadores de válvulas, que já permitiam às empresas reunir dados para relatórios, balanços e outras demonstrações contabilísticas, mas eram máquinas caras e pesadas (centenas de quilos), que exigiam muita mão de obra para manutenção e tratamento.
A situação melhorou com a descoberta dos transístores (podiam colocar-se vários transístores numa cápsula do tamanho de uma unha), mas as máquinas continuavam ainda caras e pesadas, tendo de ser alugadas e exigindo a presença de técnicos da empresa alugadora.
A grande revolução dá-se com os circuitos integrados e com os microprocessadores, que permitiram construir máquinas aligeiradas e com grandes capacidades. Os dados deixam de ser trabalhados exclusivamente no departamento informático e os processos reduzem bastante as toneladas de papel que antes eram impressas.
Os computadores saem as portas dos centros informáticos e espalham-se dentro das empresas, podem estar ligados entre si e passam a ser um suporte indispensável em todas as decisões, tornando a informação um elemento estratégico e competitivo.
Os microprocessadores originaram também um salto na qualidade dos computadores domésticos, que se utilizavam desde meados da década de 70, permitindo a partir da década de 90 a construção de pequenos computadores pessoais, aligeirados e com grandes capacidades.
Nos dias de hoje vivemos num mundo de inteligência artificial, os dados e informações são tratados em cadeias de computadores espalhados pelo mundo, a altíssimas velocidades, sem limites de fronteiras, permitindo elaborações que superam milhões de vezes as capacidades humanas. Em cada 5 anos, o número de dados e informações no mundo é multiplicado por dez !
Qualidade e armazenamento da informação
Esta matéria a nível profissional é altamente complexa e os sistemas para tratamento da informação são sofisticados.
O facto de haver muita informação disponível, não quer dizer que toda seja fiável, pelo que o seu tratamento implica a necessidade de a selecionar e testar.
As grandes empresas e os governos tratam um número infindável de dados e informações altamente importantes e até secretos, que exigem uma seleção e armazenamento cuidados, que expurgue informações falsas e garanta a proteção contra atos de espionagem do que se encontra guardado.
Conhecem-se casos de hackers na América e noutros países que conseguiram entrar nos computadores governamentais de segurança máxima e ainda há pouco tempo sucedeu um caso mediático de divulgação de informações confidenciais que pôs em conflito relações diplomáticas entre vários países.
Não avançaremos no estudo destas complexas matérias, pois não é esse o objectivo do momento. Nos pontos seguintes vamos simplesmente fazer algumas referências quanto a situações e procedimentos que poderão servir as necessidades básicas do nosso dia-a-dia, pois cada um não pode descurar os cuidados com os dados e informações que guarda e lhe são úteis.
Como guardar a informação útil
Um dos primeiros cuidados é confirmar a veracidade daquilo que nos chega.
É frequente recebermos no computador alertas e avisos de doenças ou outras coisas maléficas que podem acontecer, provocadas por produtos, alimentos, atividades, vírus no computador e muitas outras.
Nem tudo é verdade, pois há pessoas que gostam de mostrar que estão informadas e falam do que não sabem ou não entendem completamente, algumas intencionalmente divulgam pela Internet ou outros meios informações falsas para disso tirarem benefício e até há quem apenas pretenda criar situações de alarmismos.
Temos a obrigação de não ser mais um veículo de divulgação deste tipo de informações pelos nossos amigos. Devemos fazer alguma selecção e às vezes basta uma breve consulta na Internet, pois muitas destas situações já são conhecidas e há mesmo algumas que ciclicamente vão aparecendo.
As informações boas que recebemos, que podem não ser úteis no momento mas vir a sê-lo no futuro, seria muito conveniente que as pudéssemos conservar, pois perdem-se na memória e se vierem a ser precisas ou já não nos lembramos delas ou temos uma vaga ideia, de que pouco serve porque tudo terá ido para o lixo
Aí está uma área em que podemos melhorar os nossos comportamentos: documentos com dados ou informações potencialmente úteis podem ser depositados num local escolhido para lhes ser dado algum tratamento quando houver tempo e disposição. Tratando-se de algo que ouvimos ou nos foi transmitido, podemos anotar num papel e proceder da mesma forma.
O computador é um instrumento de grande utilidade para tratar as informações de que dispomos.
Os procedimentos com o computador, para situações correntes, são muito simples e de uso generalizado por grande parte das pessoas.
Cada um pode construir uma estrutura à sua medida de armazenamento da sua informação pessoal, mediante pastas e sub-pastas. O Explorador do Windows e outros suportes são uma boa ajuda para isso.
Por exemplo, numa pasta com o nome de “Utilidades”, pode haver sub-pastas para “Bancos”; “Reparadores”; “Médicos e Medicamentos”; “Estudos”; “Viagens”; “Ementas”; “Itinerários”…e dentro de cada sub-pasta ainda se podem abrir outras (exemplo: uma para cada Banco), se for esse o interesse
É aqui que depois se irá fazer o arquivo daquilo de que dispomos e pretendemos classificar e guardar, como é o caso de:
· Folhas de trabalho (do word, exel ou outro suporte) onde se tenha feito escritos ou registos
· Digitalizações de documentos, imagens, símbolos, etc.
· Fotografias ou vídeos, neste caso existem meios que directamente os passam da máquina ou câmara de vídeo para a pasta do computador
Há entidades que oferecem vários serviços no campo da informação aos seus clientes relativamente às operações que com eles detêm, como é o caso dos Bancos, mediante acessos pela Internet através de Códigos ou palavras-chave que fornecem.
Os acessos e procedimentos são em geral relativamente simples, mas como em tudo às primeiras vezes podem não parecer muito amigáveis para quem não está familiarizado com eles. Sobretudo há que ter em atenção os problemas da segurança.
Cuidados a ter com a informação guardada
Para além do sistema de armazenamento da informação, como já se referiu há outra vertente que não pode ser descurada: A SEGURANÇA.
Deve ter-se presente que o computador, mesmo em casa, pode ser utilizado por outras pessoas (de forma consentida ou abusiva), assim como o uso da Internet o torna vulnerável a intromissões indesejáveis, pelo que são aconselháveis comportamentos preventivos, tais como:
· Condicionar a abertura do computador ao uso duma “password”.
· Fazer o mesmo com as folhas de trabalho ou documentos de maior delicadeza ou confidencialidade
· Cuidar o processo em como se guardam os códigos e palavras chave, pois normalmente são muitos e não é possível memorizá-los todos
· Se estão em causa acessos para operações bancárias, nunca os guarde no próprio computador, pois pode estar a abrir pela Internet uma porta de entrada nas suas contas
· Também não guarde no computador dados confidenciais ou de situações delicadas se essas matérias também estão armazenadas no computador, pois isso constituiria uma redução ou eliminação da segurança
· Um processo seguro (ou pelo menos mais seguro) de guarda de códigos e palavras de acesso, envolve a utilização de sistemas de criptografia, mas isso não está ao acesso de qualquer um
· O uso da internet exige proteções através de “firewall” ou anti-virús, que têm de ser instalados no computador
· Na Internet nunca devem ser fornecidos de forma completa dados pessoais, números de conta bancárias, códigos ou palavras de acesso, mesmo quando pareça que é o nosso banco quem o pede. O Banco nunca solicita tais dados duma forma completa, pelo que há o risco de se estar a ser vítima dum site pirata
· Realizar downloads de ficheiros que não mereçam confiança é uma via perigosa. Particularmente perigosos são aqueles que têm a extensão “.exe”
· A abertura dum ficheiro pode levar à instalação de programas piratas ou à transmissão de virús no computador. Uma inocente resposta a perguntas pode significar autorizações que nem imaginamos estar a dar, até a utilização do ponto do site para “saída”, embora seja isso que lá está escrito, pode ter um significado completamente diferente e perigoso. Sendo um site pirata, tudo é possível,
· Há casos em que, ao errar a escrita dum endereço (por exemplo, trocando uma letra do endereço do banco a que queríamos aceder), se ativam sistemas piratas montados para responder como se fosse o Banco.
· Os sites piratas estão construídos para parecerem os originais, de forma a iludir quem os usa. O chamado “phishing” (que vem do inglês “fish”, i.e. “pescar”) é um sistema fraudulento, pelo qual uma entidade se faz passar por outra com o objectivo de roubar dados e os utilizar em seu proveito.
· Normalmente os sites dos bancos para a realização de operações estão encriptados e começam por “https/…” enquanto os sites piratas não o estão e começam apenas por “http/…” Um simples olhar para o endereço pode distinguir a situação
· Para aceder a um site, é mais seguro fazê-lo escrevendo o respetivo endereço. Utilizar links que são oferecidos para proporcionar maior rapidez e saltitar entre diferentes sites, pode ser perigoso
· Cuidado portanto com a verificação de que está realmente a trabalhar no site a que quis aceder. Em caso de dúvida, saia e entre de novo, pois sem querer pode ter acedido a um site pirata.
Os Bancos pela Internet e outros meios fornecem muitas informações em matéria de segurança. É bom lê-las e contactar de imediato o Banco sempre que surja alguma situação que pareça suspeita, usando as linhas de emergência que normalmente são colocadas à disposição dos clientes.
Muito mais haveria a dizer sobre segurança, mas o objectivo é dar algumas informações e sensibilizar cada um de nós para uma matéria que pode ter implicações importantes na nossa vida e no nosso património, em especial, pretende-se motivar para que não sejam descuradas as medidas de segurança que o uso do computador e da Internet requerem.
30.Abril.2014
Francisco Lourenço
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