DEBATE 5 – realizado em 20.Março.2014
Tema: “A IMPORTANCIA DO DESPORTO NA SAÚDE E NA ECONOMIA”
Atividade física, exercício físico e desporto, tudo são actividades que fazem movimentar o nosso corpo com benefícios para a saúde.
Se o sedentarismo é causa de muitas doenças, a prática exagerada ou inadequada de qualquer atividade também pode ser muito negativa.
Falámos destas questões no nosso debate, duma forma fundamentada, tendo em conta que entre nós se encontrava um especialista na matéria, que com a sua habitual disponibilidade muito contribuiu para aprofundar e credibilizar aquilo que se discutia.
Mas também falámos sobre aspectos económicos e mediáticos que lhes estão associados e movimentam muito dinheiro e muitas emoções.
Numa consulta na “Internet”, chamou-me a atenção a seguinte frase (atribuída a Eduardo Derby):
“ Os que não encontram tempo para o exercício, terão de o encontrar para as doenças”
Nestas matérias como em muitas outras, o mundo de hoje está em mudança, com os seus aspectos positivos e negativos, e não podemos alhear-nos dele.
Resumem-se a seguir alguns dos pontos abordados no debate.
Áreas onde a actividade física reconhecidamente traz vantagens para a saúde e bem-estar
· Combate à obesidade, osteoporose, doenças cardíacas, riscos de AVC e do próprio cancro
· Diminuição do “stress”, reforço das articulações e músculos
· Controlo do grau de agressividade, angústia e depressão
· É também uma forma agradável de passar o tempo e estreitar relações com a família e amigos
Áreas onde a actividade física pode ser prejudicial para a saúde
· Inadequação do tipo de exercício às condições físicas
· Prática dos exercícios duma forma incorrecta, exagerada ou sem o conhecimento ou equipamento necessários
· Uso de estimulantes ou drogas, excepto quando prescritas por entidades idóneas competentes
· Não acompanhamento com a alimentação adequada
· Em geral, qualquer prática desaconselhada pelo médico ou por pessoa qualificada
Melhorias que podiam (e deveriam) ser implementadas
· O ideal seria que o desporto e as actividades físicas fossem incentivados ainda antes das crianças irem para o primeiro ciclo escolar, pois iria estimular-lhes o interesse e criar-lhes habituação de boas práticas
· Elas são benéficas em todas as idades, quando devidamente adaptadas e acompanhadas, pelo que são desejáveis os incentivos e facilidades que se criem
· Seria vantajoso para a saúde, sobretudo olhando para os mais jovens, que algumas das horas diárias despendidas de forma sedentária na “Internet” e outros meios de informação e comunicação, fossem canalizadas para convívio e atividades que os levassem a movimentar-se
· Atenção aos que se encontram em intensa carreira profissional, em particular na faixa dos 25/45 anos, pois é frequente abandonarem ou negligenciarem as actividades físicas que antes praticavam
· O exercício deve ser uma actividade continuada e acompanhada por bons hábitos alimentares
· Caminhar, jardinar, dançar, subir escadas…são por si só bons exercícios, ao alcance de todos, desde que não sofram de lesões ou doenças que os tornem contra-indicados
· O Estado muitas vezes financia clubes porque eles atuam em áreas que competiriam ao próprio Estado promover. No jogo dos interesses que se criam, seria desejável eliminar os aspectos negativos das relações entre o Estado e o Desporto
Melhorias visíveis nos dias de hoje
· Há mais conhecimento e mais interesses das pessoas pelas actividades físicas e existem muitos locais onde podem ser praticadas
· A mentalidade moderna vê o corpo duma forma diferente e mais desinibida. As meninas no passado nem aos ginásios iam, hoje, equipam-se forma desinibida e sem preconceitos, tal como os rapazes
· É vulgar nos jardins e outras áreas públicas haver aparelhos disponíveis para livre utilização, assim como existem muitos espaços demarcados para caminhadas, circulação de bicicletas e outras atividades
· Os clubes desportivos (que não são só os maiores e mais mediáticos) agregam muitos milhares de praticantes
· Existe muita regulamentação nacional e internacional sobre as actividades físicas e desportivas nas suas diferentes vertentes, que incluem o fair-play e os códigos de ética
Consequências económicas das actividades físicas e desportivas
· As actividades físicas, conjugadas com uma adequada alimentação, proporcionam saúde e bem-estar que se traduzem em vantagens orçamentais para as famílias e os governos
· À sua volta movimentam uma grande diversidade de áreas de negócio: ginásios, treinadores e preparadores, estádios, aparelhagens e apetrechos, viagens, hotéis, restauração, meios de comunicação, campanhas publicitárias e muitas mais
· A economia do desporto constitui um ramo especializado de estudo da ciência económica. Estuda os impactos dos eventos, sobretudo dos grandes acontecimentos, que têm fortes implicações urbanísticas e orçamentais
· Os estudos prévios do custo-benefício para a construção das grandes infra-estruturas não são fáceis e há dados dificilmente quantificáveis, que podem ser manipulados para justificar decisões populistas e nem sempre racionais
· Para essas realizações são canalizados elevados investimentos, havendo que ponderar a sua utilização e rentabilização futuras
· Há exemplos de legados que se tornaram depois enormes problemas financeiros e urbanísticos, como sucedeu nos jogos olímpicos de Sidney e Atenas. Em Portugal, temos os 10 estádios construídos para o Euro-2004 e há quem fale na demolição de alguns, por ser insuportável pagar os custos de manutenção
· Os clubes desportivos que atingem grande nível internacional movimentam valores financeiros astronómicos. Alguns encontram-se numa situação económica altamente deficitária, o que tem obrigado à criação de legislação e intervenções oficiais que levem ao seu reequilíbrio
· São diferentes as necessidades quando se trata de atividades amadoras ou profissionais, assim como de áreas massificadas ou de competição. Para a satisfação dessas necessidades e rentabilização dos investimentos, é desejável que os estudos sejam feitos com independência e por pessoas competentes, sejam entidades públicas, privadas ou parcerias que possam estabelecer
ALTA COMPETIÇÃO
· Dentro de cada país, a alta competição, normalmente associada a clubes, tem calendários próprios e movimenta paixões (e milhões) entre os clubes, praticantes e adeptos
· A nível internacional, geram-se acesas competições entre países para a organização dos grandes eventos desportivos
· Estes constituem uma promoção importante para o país organizador, sobretudo pela divulgação que envolvem, pela dinamização da actividade económica e por outras consequências que lhes estão associadas
· A sua importância leva os governos a criar instâncias oficiais destinadas a coordenar e organizar as candidaturas, a realização ou a participação nos eventos, umas permanentes, para eventos que se repetem, outras criadas para acontecimentos específicos
· Os países e clubes competidores apresentam como um orgulho nacional os resultados positivos conquistados e fazem deles uma ampla divulgação, apresentando os vencedores como heróis nacionais e exemplos a seguir
· As grandes provas desportivas são dos poucos momentos em que nos dias de hoje se podem ver dezenas de milhar de pessoas a exibirem com orgulho os símbolos nacionais, como são a bandeira e o hino
· O mediatismo das grandes figuras provoca corridas desenfreadas de milhões de pessoas para acesso aos sites da “Internet” e outros meios de comunicação, constituindo um meio promocional que não tem equivalente
· Como aspectos negativos, não se pode deixar de referir a alienação das massas, o uso das drogas e os gastos desproporcionados
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30.Março.2014
Francisco Lourenço
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